29.9.09

Meio rápida da balança.

Era um cara que decidia tudo na balança, nada no impulso. E ficava horas olhando a balança das pequenas, médias e grandes decisões enquanto a vida passava e trazia e levava oportunidades enquanto ele ainda estava ali. Pesando. Os prós e os contras. Pesando e pensando bem porque errar era ter que lidar com as fraquezas e os maus resultados e ele era covarde demais para não chorar e cuzão demais para admitir que o contexto do homem perfeito é, de cabo a rabo, uma farsa.  As regras e as merdas. Os custos e os benefícios. E a vida passando. Equilibrou tanto tanto que ficou na dúvida. Uma dúvida tão cruel que quando ele abriu a janela e se olhou no espelho estava grisalho e contava a olho nu trinta e três rugas só na zona T. Estava cansado e já não havia mais o que pensar. Era hora de agir. Só que agir era coisa de gente especializada. Então, fez o que sempre soube fazer como ninguém. Procurou seus óculos, os encaixou com a minucia de sempre e sentou-se em frente a balança. Precisava pesar pela última vez na vida os prós e os contras de agir porque agir parecia definitivo demais para ele e pesado demais para aquela balança.

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